sábado, 31 de outubro de 2015

Ecologia, Silvicultura e Tecnologia de Utilização dos Mognos-africanos (Khaya spp.) - Pinheiro et al., 2011

Ecologia, Silvicultura e Tecnologia de Utilização dos Mognos-africanos (Khaya spp.) - Pinheiro et al., 2011 - Leitura finalizada em: 01 de Novembro de 2015.

Notas minhas:
  • Espécies de Khaya (p. 19) - todas conhecidas como "mogno-africano"
    • Khaya ivorensis
    • Khaya grandifoliola
    • Khaya anthoteca
    • Khaya senegalensis
  • Khaya ivorensis:
    • suporta inundações durante o período de chuvas. (p. 35)
    • não tolera longos períodos de solo seco. (p. 35)
    • a germinação de sementes frescas é de cerca de 90%. Depois de duas semanas essa taxa cai rapidamente. Pode frutificar até duas vezes por ano (p. 38)
    • o peso de 1000 sementes é de 130 a 310g. A germinação leva em torno de 11 a 40 dias. (p. 39)
    • recomenda-se aplicar 0,5g de N-P-K (4-14-8) por muda, para auxiliar o cresimento em altura e diâmetro do coleto. A análise de solo também deve ser realizada. (p. 40)
    • A Atlântica Agropecuária (Pirapora - MG) realizou plantios irrigados com 276 árvores por hectare, com espaçamento 6m x 6m. O plantio teve perdas de 5% (pragas e mortes naturais), reduzindo a densidade para 264 árvores por hectare. (p. 42)
    • O primeiro desbaste será realizado no 11° e no 12° ano:
      • no primeiro desbaste são cortadas 132 árvores (com cerca de 10m de altura do fuste e 1,5m de circunferência) (0,448m^3 x 132 árvores/ha = 59,136 m^3/ha). (p. 42)
    • Os cortes finais ocorrerão no 16° e 17° ano. (p. 42)
      • serão cortadas as 132 árvores restantes por hectare (com cerca de 12m de altura do fuste e 1,8m de circunferência) (0,774m^3 x 132 árvores/ha = 102,168 m^3/ha).
    • Pragas e doenças:
      • Hypsipyla robusta: broca-de-ponteiros
        • mata a gema apical dos ramos das árvores jovens, o que causa brotação lateral e ramificações excessivas, aumentando a mortalidade. (p.45)
      • As sementes podem ser atacadas por besouros broqueadores e podem ser comidas por roedores. (p. 46)
      • As cascas de mudas podem ser comidas por porcos-espinhos e esquilos. Os cavalos também podem danificá-las. (p. 46)
      • Formigas cortadeiras: folhas e ramos de mudas e brotos de árvores novas são atacados por saúvas (Atta spp.) e Quém-quém (Acromirmex spp.). (p. 46)
      • Abelha-cachorro ou Irapuá: abelhas de coloração negra (família Apidae, gênero Trigona). Atacam o broto terminal (parte jovem). Retira filamentos fibrosos e resina para construção do ninho e alimentação. (p. 47-48)
      • Cancro de córtice ou da casca (p. 52)
      • Mancha areolada das folhas (p. 54)
      • Podridão branca da raiz ou Murcha letal (p. 55)
        • Rigidoporus lignosos - basidiomiceto
      • Cercospora (p. 56)
        • manchas circulares nos folíolos mais velhos
      • Fusarium (p. 56)
        • seca de ponteiros
    • Utilização da espécie (p. 58)
      • Madeira: móveis, portas, assolhos, navios etc.
      • Casca: tosses, febres, anemias, feridas, lesões, arranhões...
      • Raiz: enema
      • Sementes: produção de sabão
    • Cotação no mercado internacional: 580 a 690 euros, FOB em Gana (África). (p. 63)
  • Khaya senegalensis A. Juss.
    • 1000 sementes pesam de 140g a 330g. (p. 69)
    • Cerca de 90% a 100% das sementes germinam. As sementes podem manter a viabilidade por 6 meses a 8 meses. (p. 69)
    • Quando armazenadas entre 0 e 10°C, a 5% de umidade, podem manter alta taxa de germinação por cerca de 4 anos. O uso de cinzas no armazenamento das sementes pode reduzir o ataque de insetos. (p. 69)
    • Aplicar 0,5g de NPK (4-14-8), por muda. (p. 69)
    • Plantio:
      • No norte da Costa do Marfim, plantios puros sofreram ataques de Hypsipyla, desde o segundo ano do plantio. (p. 69)
      • Para reduzir os ataques de Hypsipyla, pode ser plantada em conjunto com (p. 69-70):
        • Teca (Tectona grandis)
        • Azadirachta indica A. Juss.
        • Senna siamea (Lam.) Irwin & Barneby
        • Dalbergia sissoo Roxb. DC ex.
      • É necessário capina em plantios jovens. (p. 70)
      • As árvores mais velhas são bastante resistentes ao fogo. (p. 70)
      • Leucaena leucocephala (Lam.) pode dar sombra para o crescimento da Khaya senegalensis, suprime as plantas daninhas e fixa nitrogênio no solo. (p. 70)
      • É recomendável fornecer uma sombra leve para mudas de até 2 meses de idade. (p. 70)
      • Plantar mudas com mais de 1,5m de altura para reduzir danos do pastejo. (p. 70)
      • Espaçamento normal de 4-5m x 4-5m. (p. 70)
    • Pragas e doenças (p. 71):
      • Broca-de-ponteiros (Hypsipyla robusta) - África
      • Lagartas cortadoras de folhas (Bourgognea microcera) - Burkina Faso
      • Sementes são atacadas por besouros broqueadores e comidas por roedores
      • Plantas jovens são comidas por herbívoros (gado, antílopes).
    • Utilizações da espécie (p. 72-73):
      • Madeira: carpintaria, navios, laminados decorativos, assoalhos, dormentes, polpa de celulose...
      • Casca: amarga; pode ser utilizada cozida ou macerada para febre da malária, problemas de estômago, analgésico, vermífugo, sífilis, desinfetante para inflamações e erupções da pele; fabricação de cerveja (em Camarões) e tingimento de tecidos (Gana).
      • Raiz: aplicadas para icterícia, dores de estômago, edema e amenorreia.
      • Sementes: o óleo das sementes pode servir para reumatismo, influenza e sífilis, cosméticos e cozimento de alimentos.
    • Crescimento e rotação: (p. 73):
      • Em condições favoráveis e sem sombra, as mudas atingem entre 0,5m e 1,2m após 2 anos.
      • As árvores podem começar a produzir sementes após um período de 20 a 25 anos.
      • Na natureza os ciclos de rotação levam de 80 a 100 anos. Em plantios manejados a rotação pode ser reduzida para 40 a 60 anos.
  • Khaya anthoteca A. Juss. (Welw.) C.DC.
    • Pode atingir de 40 a 65m de altura e diâmetro de 1,20m (DAP - diâmetro a altura do peito). (p. 77)
    • Pode apresentar fuste comercial sem ramificações até 30m de altura. (p. 77)
    • Bases com grandes sapopemas, elevadas cerca de 4m a 6m. (p. 77)
    • Necessita de solos férteis, profundos e com muita água. (p. 80)
    • 1000 sementes variam de 180g a 280g. Podem ser armazenadas por até um ano em local fresco e seco. Adição de cinzas pode evitar ataque de insetos no armazenamento. (p. 80)
    • Germinação em torno de 8 a 35 dias. As sementes devem ser cobertas com uma fina camada de solo. (p. 81)
    • Estaquia (p. 81)
      • na Indonésia foram conseguidas taxas de 75% de enraizamento, com aplicação de promotores de enraizamento.
    • Plantio (p. 81):
      • Na Costa do Marfim, em florestas degradadas ou secundárias, utilizou-se espaçamento para Khaya anthoteca, de 7m a 25m entre linhas e de 3m a 7m dentro da linha.
      • Plantios puros utilizaram espaçamento 3m x 3m.
    • Desbaste (p. 82):
      • Para um plantio de 1000 árvores/hectare, o primeiro desbaste ocorre quando as árvores atingem 15m de altura e 15cm de diâmetro (DAP), reduzindo a densidade para 400 a 500 árvores/hectare.
      • O segundo desbaste ocorre quando as árvores estiverem com 20m de altura e 20 cm de diâmetro, reduzindo a densidade para 200 a 250 árvores/hectare.
      • O terceiro desbaste ocorre quando as árvores estiverem com 25m de altura e 25cm de diâmetro, reduzindo a densidade para 125 a 150 árvores/hectare.
    • Pragas (p. 82):
      • Formigas saúvas (Atta spp.) e Quém-quém (Acromirmex spp.) atacam as folhas, ramos e brotos novos da planta.
    • Utilizações da espécie (p. 84-85):
      • Madeira: marcenaria, compensados, laminados, assoalhos, navios, entalhes, torneados, polpa de celulose, caixas acústicas de guitarra...
      • Casca: amarga; serve para tosses, febres, pneumonia, ferimentos, lesões.
      • Raiz: é utilizada na Tanzânia para anemia, disenteria e prolapso retal. O povo Shambaa usa como corante marrom-avermelhado.
    • Crescimento e rotação (p. 85-86):
      • Em Gana, após 2 anos e meio, as mudas atingiram 2,5m de altura e 4 a 4,5cm de diâmetro médio.
      • Na Costa do Marfim:
        • após 10 anos em áreas abertas, as árvores atingiram 12m de altura e diâmetro de 18,0cm.
        • após 8 anos em zona de floresta sempreverde, as árvores chegaram a 6,0m de altura e 9,0cm de diâmetro.
      • No Malawi, após 7 anos, as árvores atingiram 8,0m de altura e 9,0cm de diâmetro.
      • Árvores com 18cm de tronco podem produzir frutos. Mas acima de 70 cm de diâmetro a frutificação é abundante.
      • Um plantio com 30 anos de idade (em floresta natural) pode produzir de 2 a 4 metros cúbicos por hectare.
  • Khaya grandfoliola C.DC.
    • Pode ter até 40m de altura; com o tronco sem ramificações até 23m, normalmente retorcido ou inclinado no topo. (p. 88)
    • Troncos chegam a 200cm de diâmetro; sapopemas de até 3m de altura. (p. 89)
    • As sementes resistem a um período de até 4 meses antes de se tornarem inviáveis. 1000 sementes pesam de 200g a 300g. Podem ser guardadas em local fresco. Em Benim, após 4 meses, 76% das sementes germinaram. Para evitar ataques de insetos, usar cinzas no armazenamento. (p. 92)
    • 90% das sementes frescas germinam. A germinação pode levar de 10 a 35 dias. Recomenda-se sombra leve para as mudas com até 2 meses. (p. 92)
    • Pode-se plantar tocos, deixando de 2cm a 3cm de caule e de 25cm a 30cm de raiz. (p. 93)
    • Espaçamento de plantio de 2 a 4m x 2 a 4m. (p. 93)
    • Fungos micorrízicos endotróficos ajudam no crescimento das mudas (Endogone, por exemplo). (p. 93)
    • Na Costa do Marfim, Khaya grandfoliola é plantada à sombra de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit, que suprime plantas daninhas e fixa nitrogênio no solo. É necessário desbastar as árvores de sombra regularmente. (p. 93)
    • Manejo (p. 93-94):
      • Em um plantio de 1000 troncos por hectare, o primeiro desbaste ocorre quando as árvores alcançam 15m de altura e 15cm de diâmetro, reduzindo a densidade para 400 a 500 troncos por hectare.
      • Quando as árvores estiverem com 20m de altura e 20cm de diâmetro, a densidade é reduzida para 200 a 250 troncos por hectare.
      • Quando as árvores atingem 25m de altura e 25cm de diâmetro, reduz-se a densidade para 125 a 150 troncos por hectare.
      • Quando as árvores atingirem 30cm de diâmetro, reduz-se a densidade para 75 a 100 troncos por hectare.
      • Na África Tropical, a Khaya grandfoliola é plantada em conjunto com:
        • Milicia excelsa (Welw.) C. C. Berg.
        • Triplochiton scleroxylon K. Schum.
        • Gmelina arborea Roxb.
        • Margaritaria discoidea (Baill.) Webster.
      • Na natureza, o ciclo de rotação leva de 80 a 100 anos. Em plantios artificiais a rotação pode se dar de 40 a 60 anos.
      • Na África, os besouros de chifre comprido podem atacar as toras. O alburno costuma ser retirado para evitar ataques de besouros ambrosia.
      • Como as toras flutuam na água, podem ser transportadas pelos rios.
    • Utilizações (p. 96):
      • Madeira: marcenaria, carpintaria, assoalhos, lambris, embarcações, instrumentos musicais, polpa de celulose...
      • Casca: amarga; serve para febre da malária, problemas de estômago, dores pós-parto, doenças de pele...
      • Raiz: a casca da raiz é usada para gonorreia e doenças de pele.
    • Crescimento e rotação (p. 96-97):
      • Na Nigéria, após 4 anos de plantio as mudas atingiram 4,2m de altura e 7,0cm de tronco. Após 20 anos, a altura média era de 21m. Em floresta natural, árvores de 100 anos chegavam a diâmetros de 60cm a 70cm.
      • Na Costa do Marfim, após 10 anos, Khaya grandfoliola em clareiras de floresta semidecídua chegaram a 13,5m de altura e 17cm de diâmetro. Árvores plantadas em florestas sempreverde, após 8 anos, chegaram a 9,0m de altura e 11,5cm de diâmetro.


Lucas T R Freitas

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