quarta-feira, 19 de agosto de 2020

USA e China: porque a briga agora?

USA e China: porque a briga agora?

A China se tornou um grande "beneficiador" de matérias-primas para o mundo todo, desde produtos eletrônicos, brinquedos, roupas até a maquinário pesado, como guindastes. Produzem praticamente de tudo. Existe um custo ambiental bem elevado nessa produção, que pode se levado em conta, anular os benefícios da riqueza gerada com essa produção. E uma hora a conta ambiental vai chegar para a China: várias espécies de peixes de lá já foram extintas ou quase sumiram devido às gigantescas hidrelétricas.

Vemos produtos chineses por todos os lados. Também vemos produtos dos USA por todos os lados. E é isso que uma economia de livre mercado prega: produtos indo e vindo, com preços os menores possíveis, e com a qualidade a maior possível. Então porque a briga com a China?

A realidade chinesa é algo diferente: é um país comunista, que possui armas nucleares desde 1967. E com armas nucleares o regime comunista fica mais difícil de ser removido externamente. Precisa ser removido de dentro.

Nessa visão, de que não teria jeito de acabar com o Comunismo chinês, as pessoas começaram a conviver com ele. E as empresas começaram a fazer negócios em território chinês, apesar dele. E a economia ocidental viu que lá a mão-de-obra era mais barata e os custos ambientais eram negligenciados. Por ser comunista, a população chinesa tinha que engolir os acordos feitos das empresas estrangeiras com os governantes.

Nesse ciclo, o ocidente viu produtos baratos chegando e substituindo os seus próprios produtos por muitas vezes. E cada vez mais produtos vindos do oriente passaram a fazer parte do dia a dia.

-- Um comparativo: os produtos japoneses também passaram a chegar ao ocidente, mas passaram por evoluir a qualidade de vida da população local e contabilizaram custos ambientais à medida em que progrediam. A China abusou muito da natureza e da própria população.

O fato é que em qualquer lugar do mundo as pessoas precisam trabalhar para viver, para comer, para se vestir, para se relacionar. E na China não é diferente: chineses precisam de moradia, alimentos e tudo o mais que as pessoas ao redor do mundo precisam. E também precisam respeitar a natureza, sem abusos.

Os investimentos ocidentais na China possibilitaram uma melhoria da qualidade de vida da população chinesa, pois houve entrada de capital e tecnologia. Mas também apoiaram o fortalecimento do comunismo chinês. Foi uma espécie de ganância e ela teve um preço: produtos baratos e lucro elevado no ocidente em troca de fortalecimento do regime comunista e da melhoria das condições de vida da população chinesa (ainda que pequena). O que houve foi uma espécie de compensação.

Hoje o que está sendo discutido é a retirada do capital e tecnologias ocidentais da China, devido a acusações de desrespeito a propriedade intelectual, cópias de produtos, espionagem, degradação ambiental, entre outras, incluindo a manutenção do regime autoritário comunista chinês.

Se for surgir uma terceira guerra mundial, o mundo todo vai perder: pessoas geniais, tecnologia, recursos ambientais que serão degradados. Que o regime chinês deve deixar de ser comunista, os próprios chineses tem sua experiência a respeito, convivendo com a corrupção e os desmandos do partido único, perseguições religiosas e baixa qualidade dos serviços públicos. E alguns desses problemas não são privilégio do comunismo chinês.

Caso haja uma escalada no conflito e ele passe para o campo das armas, o mundo todo vai perder. E perder muito.

O que está ocorrendo agora é uma espécie de desinvestimento na China. E a China vai ficar com um passivo ambiental gigantesco e pode ver o fluxo de caixa reduzido. A conta (ambiental) chegou (e faz tempo) para a China. E como o meio ambiente não vê fronteiras, a conta ambiental da China vai se propagar pelo mundo, ainda que fique mais concentrada no próprio território chinês.


Agradeço sua leitura. Lembre-se de deixar seu comentário, caso seja necessário realizar alguma correção ou melhoria na postagem. Com dedicação, Lucas Tiago Rodrigues de Freitas, M.Sc.

Nenhum comentário:

P!nk - Try (Lyrics)