UCL
Logística Portuária
Resenha do artigo “A matriz do transporte no Brasil: uma análise comparativa para a competitividade”, de Alessandro Serrano Colavite e Fábio Konishi. XII SEGeT. 2015.
Aluno: Lucas Tiago Rodrigues de Freitas
Os autores parecem defender a ideia de que importação é ruim, e querem defender a ideia de “indústria nacional”, e a política de substituição de importações. O melhor é comprar de quem é o melhor produtor, independente de onde ele esteja no mundo. O papel da logística é fazer o produto (de preferência o melhor) chegar até o consumidor, com o preço de transporte adequado. A política de “substituição de importações” prejudica o país, mantendo parques industriais arcaicos e abastecendo o mercado interno com produtos de baixa qualidade e preços elevados.
As indústrias nacionais devem estar dispostas a enfrentar o mercado internacional para se tornarem mais competitivas e eficientes, sem buscar mecanismos de proteção como as taxas de importação: proteger a indústria nacional é prejudicar o consumidor nacional. O mundo atual é globalizado. Não estamos em uma ilha fechada. Devemos aproveitar o que de melhor o mundo tem a oferecer. Cada região, cada país, deve focar em trabalhar naquilo que é melhor. Assim, os custos de todos são reduzidos. A atuação internacional é inclusive prevista pela Constituição Brasileira de 1988, que inclui em seu Artigo 4º, inciso IX, um princípio essencial para o desenvolvimento do país: "a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade". O princípio é muito bom e precisa se tornar realidade. O que o Brasil tem de melhor, que forneça também para os outros países. E o que os outros países têm de melhor, que forneçam também ao Brasil.
Visões políticas e econômicas à parte, os autores analisam os vários modais de transporte, as vantagens e desvantagens de cada um, com foco no modal rodoviário, ferroviário e hidroviário.
Modal Rodoviário
O Modal Rodoviário apresenta a característica de poder realizar entregas pontuais, e buscar cargas de volume menor, onde elas estejam (pneus, alimentos, caixas de água etc.). Apesar dessa grande mobilidade oferecida, o transporte rodoviário conta com algumas dificuldades, como a má qualidade das vias, a falta de pavimentação, buracos, má conservação, sinalização ruim, falta de acostamentos, pistas simples sem divisão central. O consumo de combustível também é elevado, representando cerca de 90% do combustível total do setor de transporte nacional. Mais de 60% do volume das cargas é transportado via modal rodoviário no Brasil.
Modal Ferroviário
O Modal Ferroviário consegue carregar várias toneladas de uma só vez. Para isso é necessária a organização da carga em um ponto próximo à ferrovia para o abastecimento dos vagões. O uso das locomotivas permite que poucos trabalhadores operem a rede de transporte, com um grande volume de cargas de uma só vez. Assim o trabalho de transporte fica mais inteligente, otimizado. Onde há uma estação de embarque e desembarque, ou de carga e descarga, ligada pelos trilhos, o trem pode se deslocar e gerar progresso, a baixo custo. Consegue reduzir bastante o tempo de transporte das cargas e os custos de deslocamento. Porém, como em alguns casos não consegue chegar diretamente ao consumidor final, numa residência por exemplo, ele pode precisar de outros modais para a distribuição da carga.
O Modal Ferroviário é ideal para o transporte de commodities, como o minério de ferro, que é responsável por cerca de 67% do volume total transportado nas ferrovias. Soja, outros grãos, e combustíveis como o álcool, também são produtos que podem se beneficiar muito com o transporte em ferrovias.
Modal Hidroviário
O Modal Hidroviário é um excelente meio de transporte para regiões com rios e mares. O Brasil conta com mais de 40 mil quilômetros de vias potencialmente navegáveis. Porém, o descaso com os rios leva à sua baixa utilização. Um caso concreto de desperdício do modal hidroviário acontece no Rio Doce, na região de Colatina (ES): o rio está entupido de areia, sem capacidade para atender navios de carga. Apesar de ser um rio relativamente largo, como ele ficou muito assoreado os navios não conseguem passar. A dragagem se faz urgente lá, e em diversos outros rios do país.
A Região Norte é uma das que mais utilizam o modal hidroviário por rios. No Brasil, em geral, o modal hidroviário responde por cerca de 13,6% do transporte das cargas. Possui o menor custo de transporte, a maior capacidade de carga, baixo índice de poluição, longa vida útil e manutenção mais barata.
Comparações dos modais
Sem dúvida, o modal que mais deve ser explorado é o hidroviário, pelo seu baixo custo e grande capacidade de carga. Ideal para o transporte de commodities, granéis etc. É o que apresenta maior eficiência energética, transportando cerca de 4.000kg com 1cv (o trem transporta 500kg e o caminhão 150kg com a mesma energia). A vida útil do barco chega a 50 anos, enquanto a do trem é de 30 e a do caminhão é de 10 anos.
Investimentos necessários
O Brasil anda na contramão da Economia e eficiência energética. É necessário urgentemente aplicar recursos na implantação e recuperação da malha hidroviária e ferroviária. O país é pouco competitivo devido aos altos custos e baixa eficiência dos transportes. Até hoje não temos um trem-bala em funcionamento no país, mas que estava planejado para alguns anos atrás. Os planejamentos precisam ser cumpridos. As empresas precisam gastar bem o dinheiro aplicado. E os empresários precisam ter coragem e responsabilidade para investir sem ficar esperando por ações e incentivos governamentais. O mercado precisa ser aberto para que as companhias estrangeiras mais eficientes do mundo possam atuar em solo brasileiro, gerando riqueza, desenvolvimento e prosperidade para o mundo todo. O Brasil precisa urgentemente se desenvolver, derrubando as barreiras pseudo-nacionalistas que buscam proteger empresas incompetentes e corruptas. O interesse nacional que deve prevalecer é o desenvolvimento, com as melhores tecnologias que estão disponíveis no mundo, e com as melhores empresas que prestam serviços no mundo.
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Lucas T R Freitas
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