Finanças Corporativas - Lista de exercícios II - Prof. B. Funchal
Questão 1
Você, como analista de investimentos da Saturn Corporation, precisa analisar dois projetos potencias distintos (X e Y) e mutuamente excludentes. Cada projeto tem um custo inicial de investimento de 200.000$, e o custo de capital da empresa é de 13%. Os fluxos de caixa esperados são:
Você, como analista de investimentos da Saturn Corporation, precisa analisar dois projetos potencias distintos (X e Y) e mutuamente excludentes. Cada projeto tem um custo inicial de investimento de 200.000$, e o custo de capital da empresa é de 13%. Os fluxos de caixa esperados são:
Projeto X
Ano 0 - (200)
Ano 1 - 70
Ano 2 - 70
Ano 3 - 70
Ano 4 - 70
Projeto Y
Ano 0 - (200)
Ano 1 - 130
Ano 2 - 60
Ano 3 - 60
Ano 4 - 20
Resolução:
- Período de Payback descontado
Primeiramente é importante diferenciar Payback do Payback descontado. Payback é o tempo de retorno do investimento baseado nos valores do fluxo de caixa: quando o fluxo de caixa acumulado "zera" o valor investido ocorre o Payback. O Payback descontado é mais próximo da realidade, pois é baseado nos valores presentes do fluxo de caixa, ou seja, considera o valor dinheiro conforme o custo de capital (o valor do dinheiro no tempo).
Custo inicial: 200.000$
Ks (custo de oportunidade): 13%
Fluxo de caixa do Projeto X:
Ano 0 - (200)
Ano 1 - 70
Ano 2 - 70
Ano 3 - 70
Ano 4 - 70
Com a calculadora financeira HP é possível obter os valores do fluxo de caixa em valor presente da seguinte forma:
70 CHS FV
13 i
1 n
PV
Repetindo o procedimento para cada valor do fluxo de caixa, obtém-se os valores presentes:
Valor presente do fluxo de caixa do Projeto X:
Ano 0 - (200)
Ano 1 - 61,94690
Ano 2 - 54,82027
Ano 3 - 48,51351
Ano 4 - 42,93231
Valor presente líquido acumulado do fluxo de caixa do Projeto X:
Ano 0 - (200)
Ano 1 - (138,0531)
Ano 2 - (83,23283)
Ano 3 - (34,71932)
Ano 4 - 8,20389
Como pode-se observar, conforme o valor presente líquido acumulado, o payback descontado ocorre entre o ano 3 e o ano 4.
No ano 3 restam (34,71932). Como o fluxo de caixa para o ano 4 é de 42,93231, logo:
34,71932/42,93231 = 0,808699089
Logo, o Payback descontado ocorre em 3,80869 anos.
O Valor Presente Líquido do Projeto X (VPLx), é:
VPLx = 8,20389 mil
Para se calcular a TIRm (Taxa Interna de Retorno modificada) deve-se levar os fluxos de caixa dos anos 1 a 4 para o Valor Futuro no final do projeto, ou seja, no ano 4, mantendo apenas o investimento inicial em valor presente. Na calculadora financeira HP o cálculo do valor futuro pode ser feito da seguinte forma:
70 PV
13 i
3 n
FV
Assim, obtém-se os valores futuros (para o ano 4), lembrando que o fluxo do Ano 0 (o investimento) não é levado a Valor Futuro:
Ano 1 - 101,00279
Ano 2 - 89,383
Ano 3 - 79,10
Ano 4 - 70
Total: 339,48579
Para o cálculo da TIRmx (Taxa Interna de Retorno do Projeto X) na HP:
200 CHS PV
339,48579 FV
4 n
i
Assim, obtém-se o valor da TIRmx:
TIRmx = 14,14264%
Agora, passemos à análise do projeto Y:
Fluxo de caixa do Projeto Y:
Ano 0 - (200)
Ano 1 - 130
Ano 2 - 60
Ano 3 - 60
Ano 4 - 20
Repetindo o cálculo de Valor Futuro para cada valor do fluxo de caixa, obtém-se os valores presentes:
Valor presente do fluxo de caixa do Projeto Y:
Ano 0 - (200)
Ano 1 - 115,04425
Ano 2 - 46,98880
Ano 3 - 41,58301
Ano 4 - 12,26637
Valor presente líquido acumulado do fluxo de caixa do Projeto Y:
Ano 0 - (200)
Ano 1 - (84,95575)
Ano 2 - (37,96695)
Ano 3 - 3,61606
Ano 4 - 15,88243
Como se pode observar, conforme o valor presente líquido acumulado, o payback descontado ocorre entre o ano 2 e o ano 3.
No ano 2 restam (37,96695). Como o fluxo de caixa para o ano 3 é de 41,58301, logo:
37,96695/41,58301 = 0,913039965
Logo, o Payback descontado ocorre em 2,9130 anos.
O Valor Presente Líquido do Projeto Y (VPLy), é:
VPLy = 15,88243 mil
Para se calcular a TIRm (Taxa Interna de Retorno modificada) deve-se levar os fluxos de caixa dos anos 1 a 4 para o Valor Futuro no final do projeto, ou seja, no ano 4, mantendo apenas o investimento inicial em valor presente. Na calculadora financeira HP o cálculo do valor futuro pode ser feito da seguinte forma:
130 PV
13 i
3 n
FV
Assim, obtém-se os valores futuros (para o ano 4), lembrando que o fluxo do Ano 0 (o investimento) não é levado a Valor Futuro:
Ano 1 - 187,57
Ano 2 - 76,61400
Ano 3 - 67,80
Ano 4 - 20
Total: 351,984
Para o cálculo da TIRmy (Taxa Interna de Retorno do Projeto Y) na HP:
200 CHS PV
339,48579 FV
4 n
i
Assim, obtém-se o valor da TIRmy:
TIRmy = 14,14264%
Payback descontado:
Projeto X: 3,80869 anos
Projeto Y: 2,9130 anos
TIRm:
Projeto X: 14,14264%
Projeto Y: 15,17898%
VPL:
Projeto X: 8,20389 mil
Projeto Y: 15,88243 mil
Com base no resumo das informações, o Projeto Y deve ser o escolhido por ser o melhor em VPL e TIRm e por ter o menor Payback descontado.
(1) Considere agora a existência de uma incerteza inerente aos projetos a partir do 3º ano, isto é , os fluxos de caixa dos períodos 0, 1 e 2 são certos (descritos acima), e apenas os dos períodos 3 e 4 são incertos, tendo a seguinte característica:
Projeto
Y
- Ano 3 - Ruim (p = 0,5): 20
- Ano 4 - Ruim (p = 0,5): 0 / Bom (p = 0,5): 30
- Ano 3 - Bom (p = 0,5): 100
- Ano 4 - Ruim (p = 0,5): 0 / Bom (p = 0,5): 50
Projeto
X
- Ano 3 - Ruim (p = 0,5): 60
- Ano 4 - Ruim (p = 0,5): 40 / Bom (p = 0,5): 80
- Ano 3 - Bom (p = 0,5): 80
- Ano 4 - Ruim (p = 0,5): 60 / Bom (p = 0,5): 100
Desenhe as árvores de decisão, calcule os VPL's
esperados e o coeficiente de variação de cada um dos projetos. Se
você é um gerente mais avesso ao risco, isto é, prefere manter o
Coeficiente de variação próximo de 2 (que é o nível atual da
firma), qual projeto escolheria? E se você não se importasse com o
risco? (Dica: para calcular o desvio padrão de cada projeto monte
cada fluxo de caixa de cada trajetória separadamente, i.e , fluxo
para estado Bom Bom, Bom Ruim, Ruim Bom e Ruim Ruim).
Resolução:
Desenhando as árvores de decisão:
- Projeto X
Fluxos de Caixa
Ano 0
(200)
Ano 1
70
Ano 2
70
Ano 3
Bom (p = 0,5) ------------------------------------ Ruim (p = 0,5)
80 ------------------------------------------------- 60
Ano 4
Bom (p = 0,5) ----------- Ruim (p = 0,5) ------------ Bom (p = 0,5) ----------- Ruim (p = 0,5)
100 --------------------- 60 -------------------------------- 80 --------------------- 40
VPLXBB ------------------- VPLXBR --------------------- VPLXRB ------------------- VPLXRR
33,54306 --------------------- 9,01031 -------------------- 7,41568 --------------------- (17,11707)
- Valor esperado do VPL do Projeto X (VPLx):
- E(VPLx) = [ProbabilidadeBB . E(VPLXBB) + ProbabilidadeBR . (VPLXBR) + ProbabilidadeRB . (VPLXRB) + ProbabilidadeRR . (VPLXRR)]
- E(VPLx) = [(0,5 . 0,5) . (33,54306) + (0,5 . 0,5) . (9,01031) + (0,5 . 0,5) . (7,41568) + (0,5 . 0,5) . (-17,11707)] = 8,212995 mil $
- Projeto Y
Fluxos de Caixa
Ano 0
(200)
Ano 1
130
Ano 2
60
Ano 3
Bom (p = 0,5) ------------------------------------ Ruim (p = 0,5)
100 ------------------------------------------------- 20
Ano 4
Bom (p = 0,5) ----------- Ruim (p = 0,5) ------------ Bom (p = 0,5) ----------- Ruim (p = 0,5)
50 --------------------- 0 -------------------------------- 30 --------------------- 0
VPLYBB ------------------- VPLYBR --------------------- VPLYRB ------------------- VPLYRR
62,00400 ------------------ 31,33807 ------------------- (5,70639) ------------------ (24,10595)
- Valor esperado do VPL do Projeto Y (VPLy):
- E(VPLy) = [ProbabilidadeBB . E(VPLYBB) + ProbabilidadeBR . (VPLYBR) + ProbabilidadeRB . (VPLYRB) + ProbabilidadeRR . (VPLYRR)]
- E(VPLy) = [(0,5 . 0,5) . (62,00400) + (0,5 . 0,5) . (31,33807) + (0,5 . 0,5) . (-5,70639) + (0,5 . 0,5) . (-24,10595)] = 15,8824325 mil $
- Cálculo do VPL de cada galho das árvores de decisão utilizando a calculadora financeira HP:
- Projeto X
- VPLXBB:
- 200 CHS g CF0
- 70 g CFj
- 70 g CFj
- 80 g CFj
- 100 g CFj
- 13 i
- f NPV
- VPLXBR:
- 200 CHS g CF0
- 70 g CFj
- 70 g CFj
- 80 g CFj
- 60 g CFj
- 13 i
- f NPV
- VPLXRB:
- 200 CHS g CF0
- 70 g CFj
- 70 g CFj
- 60 g CFj
- 80 g CFj
- 13 i
- f NPV
- VPLXRR:
- 200 CHS g CF0
- 70 g CFj
- 70 g CFj
- 60 g CFj
- 40 g CFj
- 13 i
- f NPV
- Projeto Y
- VPLYBB:
- 200 CHS g CF0
- 130 g CFj
- 60 g CFj
- 100 g CFj
- 50 g CFj
- 13 i
- f NPV
- VPLYBR:
- 200 CHS g CF0
- 130 g CFj
- 60 g CFj
- 100 g CFj
- 0 g CFj
- 13 i
- f NPV
- VPLYRB:
- 200 CHS g CF0
- 130 g CFj
- 60 g CFj
- 20 g CFj
- 30 g CFj
- 13 i
- f NPV
- VPLYRR:
- 200 CHS g CF0
- 130 g CFj
- 60 g CFj
- 20 g CFj
- 0 g CFj
- 13 i
- f NPV
- Cálculo do Coeficiente de Variação (CV) de cada projeto:
- CV = Desvio Padrão dos VPL's / E(VPL)
- Coeficiente de Variação do Projeto X (CVx):
- CVx = {[ProbabilidadeBB . (VPLxBB - E(VPLx))2] + [ProbabilidadeBR . (VPLxBR - E(VPLx))2] + [ProbabilidadeRB . (VPLxBB - E(VPLx))2] + [ProbabilidadeRR . (VPLxBB - E(VPLx))2]}1/2 / E(VPLx)
- CVx = {[0,25 . (33,54306 - 8,212995)2] + [0,25 . (9,01031 - 8,212995)2] + [0,25 . (7,41568 - 8,212995)2] + [0,25 . (- 17,11707 - 8,212995)2]}1/2 / 8,212995
- CVx = 2,181899745
- Coeficiente de Variação do Projeto Y (CVy):
- CVy = {[ProbabilidadeBB . (VPLyBB - E(VPLy))2] + [ProbabilidadeBR . (VPLyBR - E(VPLy))2] + [ProbabilidadeRB . (VPLyBB - E(VPLy))2] + [ProbabilidadeRR . (VPLyBB - E(VPLy))2]}1/2 / E(VPLy)
- CVy = {[0,25 . (62,00400 - 15,8824325)2] + [0,25 . (31,33807 - 15,8824325)2] + [0,25 . (- 5,70639 - 15,8824325)2] + [0,25 . (- 24,10595 - 15,8824325)2]}1/2 / 15,8824325
- CVy = 2,095631048
(2) Suponha agora que na implementação do projeto Y, a firma tem a possibilidade de vendê-la no 3º ano à uma outra firma pelo valor de 150.000$. Isso mudaria a escolha de projeto da firma? (Use o VPL para avaliar)
Resolução:
Com a opção de venda do Projeto Y deve-se calcular o novo E(VPLy). Para isso é necessário construir uma nova árvore de decisão, conforme descrito abaixo.
- Árvore de Decisão do Projeto Y com opção de venda no ano 3 por 150.000$:
- Substituindo o galho de menor VPL no ano 3 pelo valor da opção de venda, tem-se a nova árvore de decisão do projeto Y com opção de venda
- Cenário Ano 3 Bom e Ano 4 Bom (BOM-BOM):
- Fluxo de Caixa:
- Ano 0: (200)
- Ano 1: 130
- Ano 2: 60
- Ano 3: 100
- Ano 4: 50
- VPLyBB = 62,00400
- Cenário Ano 3 Bom e Ano 4 Ruim (BOM-RUIM):
- Fluxo de Caixa:
- Ano 0: (200)
- Ano 1: 130
- Ano 2: 60
- Ano 3: 100
- Ano 4: 0
- VPLyBR = 31,33807
- Cenário Ano 3 Ruim substituído pela opção de venda (Opção de venda):
- Fluxo de Caixa:
- Ano 0: (200)
- Ano 1: 130
- Ano 2: 60
- Ano 3: 150
- VPLyVENDA = 65,99057
- Cálculo do Valor Esperado do Valor Presente Líquido do Projeto X com opção de venda (E(VPLxVENDA)):
- E(VPLyVENDA) = ProbabilidadeBB . VPLyBB + ProbabilidadeBR . VPLyBR + ProbabilidadeVENDA . VPLyVENDA
- E(VPLyVENDA) = (0,5 . 0,5) . (62,00400) + (0,5 . 0,5) . (31,33807) + (0,5) . (65,99057) = 56,3308025
Resumo:
E(VPLx) = 8,212995
E(VPLy) = 15,8824325
E(VPLyVENDA) = 56,3308025
E(VPLx) = 8,212995
E(VPLy) = 15,8824325
E(VPLyVENDA) = 56,3308025
Análise dos VPL's:
O Projeto Y tem seu valor esperado de VPL (E(VPLy)) aumentado com a opção de venda no ano 3. Como o E(VPLyVENDA) > E(VPLx), o projeto a ser escolhido pela firma continua a ser o Projeto Y.
Questão 2
O preço corrente da ação da empresa A é de $72 e seu último dividendo foi de $4,80. Em vista da forte posição financeira da empresa e de seu conseqüente baixo risco, sua taxa de retorno requerida é de somente 15%. Se os dividendos têm expectativa de crescer no futuro a uma taxa constante g e se é esperado que Ks permaneça em 15%, qual será o preço da ação da empresa daqui a 10 anos?
O Projeto Y tem seu valor esperado de VPL (E(VPLy)) aumentado com a opção de venda no ano 3. Como o E(VPLyVENDA) > E(VPLx), o projeto a ser escolhido pela firma continua a ser o Projeto Y.
Questão 2
O preço corrente da ação da empresa A é de $72 e seu último dividendo foi de $4,80. Em vista da forte posição financeira da empresa e de seu conseqüente baixo risco, sua taxa de retorno requerida é de somente 15%. Se os dividendos têm expectativa de crescer no futuro a uma taxa constante g e se é esperado que Ks permaneça em 15%, qual será o preço da ação da empresa daqui a 10 anos?
Resolução:
Preço atual da ação = P0 = $72
D0 = $4,80
Ks = 15%
g = constante = ?
P10 = ?
Primeiro passo - Encontrar a taxa de crescimento g:
P0 = D1 / (Ks - g)
D1 = D0 (1+g)
Logo:
P0 = D0 (1+g) / (Ks - g)
Isolando o g:
(Ks - g) . P0 = D0 (1+g)
Logo:
(Ks - g) . P0 = D0 + D0 . g
(Ks . P0) - (g . P0) = D0 + (D0 . g)
(Ks . P0) - D0 = (D0 . g) + (g . P0)
(Ks . P0) - D0 = g (D0 + P0)
{(Ks . P0) - D0} / (D0 + P0) = g
Calculando g:
g = {(Ks . P0) - D0} / (D0 + P0)
g = {(0,15 . 72) - 4,80} / (4,80 + 72)
g = 0,078125 ≈ 7,81%
Segundo passo - Calcular o preço da ação daqui a 10 anos (P10):
Como:
D1 = D0 (1 + g)
D2 = D1 (1 + g) = D0 (1 + g) . (1 + g) = D0 (1 + g)2
D3 = D2 (1 + g) = D0 (1 + g) . (1 + g) . (1 +g) = D0 (1 + g)3
.
.
.
Então:
D11 = D0 (1 + g)11
O valor de D11 é necessário para o cálculo do preço da ação no tempo dez, já que o preço da ação é baseado no fluxo futuro de dividendos.
P10 = D11 / (Ks - g)
Logo:
P10 = D0 (1 + g)11 / (Ks - g)
Calculando:
P10 = 4,80 . (1 + 0,078125)11 / (0,15 - 0,078125) = 152,7649295 ≈ 152,76
Questão 3
A função lucro da Usiminas é dada por:
Lucro = (preço . quantidade) – custo fixo – custo variável
Onde o custo variável é (c . quantidade).O preço da tonelada do aço hoje está em R$ 1500, e a quantidade vendida por mês é de 270.000 toneladas. O custo fixo da empresa é de 100 milhões e o custo variável (c) é de R$750. Faça uma análise de sensibilidade e mostre qual variável apresenta maior risco.
Resolução:
A análise de sensibilidade pode ser feita variando-se uma das variáveis componentes do lucro, deixando todas as demais fixas (ceteris paribus). Assim, as oscilações no lucro indicarão qual das variáveis causa mais impacto, ou seja, apresenta maior risco.
O lucro é a medida de sensibilidade. Então o usamos como parâmetro de avaliação.
O custo fixo é fixo. Portanto não se pode variá-lo.
Restam então o preço, a quantidade e o custo variável para a análise de sensibilidade. Para facilitar os cálculos, com uma variação de 10% para mais e para menos em cada uma das variáveis, uma de cada vez (ceteris paribus), faz-se a análise de sensibilidade.
Análise de sensibilidade:
Lucro = (preço . quantidade) – custo fixo – custo variável
c = R$ 750
Custo fixo = 100mi
Logo:
Lucro = (1500 . 270000) - 100mi - (750 . 270000) = 102,5mi
Variando o Preço:
- + 10%
- Lucro = (1,1 . 1500 . 270000) - 100mi - (750 . 270000) = 143mi
- - 10%
- Lucro = (0,9 . 1500 . 270000) - 100mi - (750 . 270000) = 62mi
- Variação = |143mi - 62mi| = 81mi
Variando a Quantidade Vendida:
- + 10%
- Lucro = (1500 . 1,1 . 270000) - 100mi - (750 . 1,1 . 270000) = 122,75mi
- - 10%
- Lucro = (1500 . 0,9 . 270000) - 100mi - (750 . 0,9 . 270000) = 82,25mi
- Variação = |122,75mi - 82,25mi| = 40,5mi
Variando o Custo Variável:
- + 10%
- Lucro = (1500 . 270000) - 100mi - (1,1 . 750 . 270000) = 82,25mi
- - 10%
- Lucro = (1500 . 270000) - 100mi - (0,9 . 750 . 270000) = 122,75mi
- Variação = |82,25mi - 122,75mi| = 40,5mi
Comparando-se as variações de lucro para variações no preço, na quantidade vendida e no custo variável, observa-se que a maior variação foi obtida com a oscilação nos preços. Logo, a oscilação de preços apresenta maior sensibilidade nos lucros do que a oscilação da quantidade vendida e a oscilação do custo variável. Consequentemente, a variável preço é a que apresenta maior risco.
Questão 4
A Saturn Corporation tem hoje os seguintes indicadores:
A Saturn Corporation tem hoje os seguintes indicadores:
- LAJIR (lucro antes dos juros e do IR) = 20 milhões
- Dívida = 10 milhões (títulos perpétuos)
- Custo da Dívida (Kd) = 11%
- Custo de capital (ou retorno da firma) (Ks) = 16%
- Ações em circulação (n) = 5.000.000
- alíquota do imposto de renda = 40%.
O mercado da empresa é estável, isto é , não
se espera nenhum crescimento (g = 0) . Todos os lucros são distribuí
dos como dividendos.
(0) Qual o valor de mercado total das ações da empresa (S), seu valor total de mercado (V), e seu preço por ação (P)?
Resolução:
S = (LAJIR - D . Kd) . (1 - IR) / (Ks - g)
Onde:
LAJIR = Lucro antes dos juros e imposto de renda
D = valor total da dívida (capital de terceiros)
Kd = taxa de juros da dívida
IR = taxa do imposto de renda
Ks = taxa de retorno requerida pelo acionista
g = taxa de crescimento dos lucros e dividendos
S = (20mi - 10mi . 0,11) . (1 - 0,40) / (0,16 - 0) = 70,875mi
V = S + D
Onde:
V = Valor total da empresa
S = Valor da empresa com os stockholders/shareholders (capital próprio)
D = Capital de terceiros (dívida)
Logo:
V = 70,875mi + 10mi = 80,875mi
Preço por ação = S / n
Onde:
S = Valor da empresa com os stockholders/shareholders (capital próprio)
n = número de ações
Logo:
Preço por ação = 70,875mi / 5mi = 14,175
(1) Qual o custo médio ponderado de capital (WACC) da empresa?
Resolução:
WACC = (D/V) . Kd . (1 - IR) + (S/V) . Ks
Onde:
D = dívida da empresa
S = valor do capital próprio (capital dos stockholders/shareholders)
V = Valor total da firma
Kd = taxa de juros da dívida
IR = taxa de imposto de renda
Ks = taxa de retorno requerida pelos acionistas
Logo:
WACC = (D/V) . Kd (1 - IR) + (S/V) . Ks
WACC = (10 / 80,875) . 0,11 . (1 - 0,40) + (70,875 / 80,875) . 0,16 = 0,148377125 ≈ 14,837%
(2) Agora, você como gerente, deve decidir se muda a estrutura de capital ou não. A empresa tem a chance de aumentar em 40 milhões a sua dívida, ficando com um total de 50 milhões, usando a nova dívida para recomprar suas ações. Sua taxa de juros sobre a dívida total será de 12% (você resgatará e refinanciará a dívida antiga) e seu custo de capital aumentará de 16% para 18%. Tudo mais permanece constante. A empresa deve mudar a estrutura de capital ou deve permanecer com a antiga? Porquê ?
Resolução:
Para saber se a empresa deve mudar a estrutura de capital basta comparar o WACC (custo médio ponderado de capital) de cada possível estrutura. A estrutura de capital que apresentar o menor WACC será a que ofereça menores custos para a empresa, ou seja, maximizará o lucro.
S' = novo preço da firma na mão dos acionistas
D' = nova valor de dívida da empresa = 50mi
Kd' = nova taxa de juros da dívida
Ks' = novo custo de capital próprio
S' = (Lucro - D' . Kd') . (1 - IR) / (Ks' - g)
Logo:
S' = (20 - 50 . 0,12) . (1 - 0,40) / (0,18 - 0) = 46,66666667mi
V' = S' + D'
Onde:
V' = Novo valor total da firma
S' = Novo valor do capital próprio
D' = Novo valor da dívida da empresa
V' = S' + D' = 46,66666667mi + 50mi = 96,66666667mi
Passando para o cálculo do WACC' (novo custo médio ponderado de capital):
WACC' = (D' / V') . Kd' . (1 - IR) + (S' / V') . Ks'
WACC = (50mi / 96,66666667mi) . 0,12 . (1 - 0,4) + (46,66666667mi / 96,66666667mi) . 0,18 = 0,124137931
WACC ≈ 12,41%
Como o valor da empresa aumenta e o custo médio ponderado de capital diminui, a nova estrutura de capital deve ser adotada pela empresa por ser mais vantajosa.
Fórmulas:
Preço da ação:
P0 = D1 / (Ks - g)
Onde:
P0 = Preço da ação no tempo 0
D1 = Valor do dividendo no tempo 1
Ks = Taxa requerida pelos acionistas
g = Taxa de crescimento da empresa
Dividendos:
D1 = D0 (1 + g)
Onde:
D1 = Dividendo no tempo 1
D0 = Dividendo no tempo 0
g = Taxa de crescimento da empresa
Valor da Empresa nas mãos dos acionistas (Capital próprio):
S = (LAJIR - D . Kd) . (1 - IR) / (Ks - g)
Onde:
S = Valor da empresa na mão dos acionistas (stockholders / shareholders)
LAJIR = Lucro antes dos juros e imposto de renda
D = Valor da dívida
Kd = Taxa de juros da dívida
IR = Alíquota de Imposto de Renda
Ks = Taxa de retorno do acionista
g = Taxa de crescimento da empresa
Valor Total da Empresa:
V = S + D
Onde:
V = Valor total da firma
S = Valor da empresa na mão dos acionistas (capital próprio)
D = Valor da dívida da empresa (capital de terceiros)
WACC (Weighted Average Cost of Capital - Custo Médio Ponderado de Capital):
WACC = (D/V) . (Kd) (1 - IR) + (S/V) . (Ks)
Onde:
WACC = Custo médio do capital ponderado pela estrutura de capital da empresa (porcentagem de dívida e porcentagem de capital próprio)
D = Valor da dívida (capital de terceiros)
S = Valor do empresa na mão dos acionistas (capital próprio)
V = Valor total da empresa = S + D
Kd = Taxa de juros da dívida
IR = Alíquota de Imposto de Renda
Ks = Taxa requerida pelos acionistas
Preço da ação:
P0 = D1 / (Ks - g)
Onde:
P0 = Preço da ação no tempo 0
D1 = Valor do dividendo no tempo 1
Ks = Taxa requerida pelos acionistas
g = Taxa de crescimento da empresa
Dividendos:
D1 = D0 (1 + g)
Onde:
D1 = Dividendo no tempo 1
D0 = Dividendo no tempo 0
g = Taxa de crescimento da empresa
Valor da Empresa nas mãos dos acionistas (Capital próprio):
S = (LAJIR - D . Kd) . (1 - IR) / (Ks - g)
Onde:
S = Valor da empresa na mão dos acionistas (stockholders / shareholders)
LAJIR = Lucro antes dos juros e imposto de renda
D = Valor da dívida
Kd = Taxa de juros da dívida
IR = Alíquota de Imposto de Renda
Ks = Taxa de retorno do acionista
g = Taxa de crescimento da empresa
Valor Total da Empresa:
V = S + D
Onde:
V = Valor total da firma
S = Valor da empresa na mão dos acionistas (capital próprio)
D = Valor da dívida da empresa (capital de terceiros)
WACC (Weighted Average Cost of Capital - Custo Médio Ponderado de Capital):
WACC = (D/V) . (Kd) (1 - IR) + (S/V) . (Ks)
Onde:
WACC = Custo médio do capital ponderado pela estrutura de capital da empresa (porcentagem de dívida e porcentagem de capital próprio)
D = Valor da dívida (capital de terceiros)
S = Valor do empresa na mão dos acionistas (capital próprio)
V = Valor total da empresa = S + D
Kd = Taxa de juros da dívida
IR = Alíquota de Imposto de Renda
Ks = Taxa requerida pelos acionistas
Questão 5
A empresa Saturn Corp. tem sua estrutura de capital ótima formada por: 30% dívida e 70% ações ordinárias. A alíquota do imposto da Saturn Corp. é de 40% e os investidores esperam que os lucros e os dividendos futuros cresçam a uma taxa constante e igual a 6% (g = 6%). A empresa pagou um dividendo de 10$ por ação no último ano (D0) , e suas ações são vendidas ao preço de 100$ cada uma.
Já a dívida da empresa poderia ser emitida à
uma taxa de juros de 13%.
(0) Calcule os custos de cada componente da estrutura de capital (dívida e ações ordinárias).
Resolução:
Custos dos componentes da estrutura de capital:
- Custo da dívida (Kd):
- Como não há dedução de imposto de renda (IR = 40%) no custo da dívida, ou seja, o imposto de renda não abrange os juros da dívida, o capital de terceiros não sofre o peso do imposto. Logo, tem-se:
- Custo da dívida = Kd (1 - 0,4) = 13% (0,6) = 0,078 = 7,8%
- Custo do capital próprio (Ks):
- Para o cálculo do custo do capital próprio devemos nos basear nas informações fornecidas no problema. Através do Preço da ação (P0), do dividendo (D0) e da taxa de crescimento (g), pode-se encontrar o custo do capital próprio (Ks):
- P0 = D1 / (Ks - g)
- P0 = [D0 (1 + g)] / (Ks - g)
- Isolando Ks:
- P0 (Ks - g) = [D0 (1 + g)]
- (Ks - g) = [D0 (1 + g)] / P0
- Ks = {[D0 (1 + g)] / P0} + g
- Ks = {[10 (1 + 0,06)] / 100} + 0,06 = 0,166 = 16,6%
(1) Qual é o WACC (custo ponderado médio de capital) da firma?
Resolução:
É importante ressaltar que o WACC é o custo médio de capital da empresa ponderado pela sua estrutura de capital. Assim, o capital de terceiros e o capital próprio contribuem para a geração de todo o lucro. O capital de terceiros é remunerado conforme Kd. O capital próprio é remunerado conforme Ks. Porém, no fim das contas, quem realmente arca com o pagamento do imposto de renda sobre o lucro é o capital próprio: os acionistas têm seus ganhos reduzidos com o pagamento do imposto de renda, enquanto os financiadores da empresas continuam recebendo seus juros conforme Kd. O valor do capital próprio já é calculado com o desconto do valor do imposto de renda. Na fórmula do WACC o imposto de renda já é descontado dos lucros logo na formação do capital próprio. Por esse motivo, o custo de capital de terceiros para a empresa é ponderado de forma a não contabilizar o imposto de renda, que já foi pago pelo capital próprio. Por isso existe o benefício para a empresa da redução nos custos com a captação de capital de terceiros (o que pode ser otimizado através de simulações de variações na estrutura de capital, considerando que o aumento das dívidas aumenta o risco da empresa e elevam a taxa de retorno Ks requerida pelos acionistas).
WACC = (D/V) . Kd . (1 - IR) + (S/V) . Ks
Conforme dados do problema e com o valor de Ks calculado anteriormente:
(D/V) = 30%
(S/V) = 70%
Ks = 16,6%
Logo:
WACC = 0,30 . 0,13 . (1 - 0,40) + 0,7 . 0,166 = 0,1396 = 13,96%
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